Em Copas do Mundo o mais importante é a Alma.

sábado, junho 12, 2010

O dia I




Os dois empates da rodada inicial da Copa (IXI para África do Sul e México e um OXO entre Uruguai e França) podem dar a impressão que o grupo A é fraco tecnicamente. Não acredito, o que foi visto hoje foi um jogo de abertura muito bom com dois times rápidos, um tanto tensos é verdade, mas em busca do gol. Já o jogo entre os campeões mundiais demonstrou uma tendência que pode aparecer muito ainda neste torneio, a retranca.
Tanto os africanos, quanto os latino (sem tom pejorativo), têm times muito, mas muito rápidos. Em especial os anfitriões que, embalados pelas vuvuzelas, corriam mais que notícia ruim em tablóide inglês. Ambos os times apresentaram bom toque de bola e no segundo tempo com as substituições e as equipes menos ansiosas, o jogo melhorou. O México arrumou seu meio-campo com a entrada de Guardado, que jogou como volante pela esquerda e do veterano Blanco que, embora mais fora de forma que pneu remoldado, apresentou um bom toque de bola. Na África do sul, o velho pé de uva colocou o intenso lateral Masilela para agitar a partida.
Eis que num lance, um passe perfeito de Dikgacoi encontra o simpático Reggae Boy Tshabalala (foto) na esquerda que soltou um petardo cruzado no ângulo do goleiro. Golaço! Se não fosse pelo meio-campo Modise, a África do Sul venceria, mas ele a capacidade de perder dois gols na cara do goleiro, tudo bem em um deles o juiz não marcou o pênalti, enfim.
Num vacilo do zagueiro Mokoena, os mexicanos empataram com Rafa Marquez. No final quase que o atacante sul-africano Mphela desempatou, chutando na trave. Bom jogo para uma estreia na Copa. Começo a achar que as duas seleções podem passar de fase, ainda mais considerando o desconsiderável jogo da tarde.
Deus do céu a que ponto chegou o medo no futebol? Todo mundo com medo de perder! Eu imaginei um jogão, mas as defesas tiveram destaque ao mesmo tempo que os ataques foram muito mal. O tal do Govou é o 10 da França, isso mesmo 10 da França. Nem vou falar mais nada. Até o Loco Abreu entrou, mas não recebeu um único cruzamento dos colegas uruguaios. Nem a pancadaria teve graça neste jogo.
Bom, futebol é momento e até agora o craque da copa é Tshabalala, não só pelo gol, mas pela vontade e por seus passes. Vamos à lista dos 11 eleitos e dos 11 defeitos do primeiro dia.

Eleitos

• Goleiro - Khume (AFS) (Pegou um chutaço do Giovanni dos Santos)
• L. direito - P. Aguilar (MEX) (Devia estar cansado, pois apoiou muito bem pela direita)
• Zagueiro - R. Marquez (MEX) (Fez o gol)
• Zagueiro - Godin (URU) (Tentou fazer o que o meio uruguaio não fez, apoiar o ataque)
• Zagueiro - Gallas (FRA) (Seguro, experiente e só)
• L. Esquerdo - Masilela (AFS) (Pôs fogo no lado esquerdo)
• Volante - Dikgacoi (AFS) (Clodoaldo? Segundo Parreira, sim)
• Volante - Guardado(MEX) (Por que estava guardado?)
• Meia - Tshabalala (AFS) (O craque da Copa)
• Atacante - Blanco (MEX) (Literalmente um Bolão)
• Atacante - Giovanny dos Santos (MEX) (Como corre)

Defeitos
• Goleiro – Óscar Perez (Por não ter saído gol no outro jogo e por ele só jogar adiantado)
• L. direito - Gaxa (Nem com graxa)
• Zagueiro - Mokoena (Tinha que ficar paradão na área no gol do México?)
• Zagueiro - Lugano (Nada fez e ainda se meteu em confusão)
• L. esquerdo - Thwala (Não pode ser tão ruim assim, deve estar com algum problema pessoal)
• Volante - Lodeiro (Só bateu em seus 18 minutos em campo)
• Volante - Letsholonyone (Com esse nome perdeu a chance de ser percebido em campo)
• Meia - Modise (Que gol você perdeu, camarada!!)
• Meia - Gonzalez (O responsável pelo apartheid entre defesa e ataque do Uruguai)
• Meia - Piennar (Estava lá?)
• Atacante- Govou (Com a dez do Zidane virou piada pronta)

sexta-feira, junho 30, 2006

As quartas – primeira parte

Logo mais as oito melhores seleções da Copa abrirão a disputa para saber quem leva a taça para casa ou se ela fica por lá mesmo. Em uma Copa que a primeira fase apresentou somente uma surpresa, Gana, as oitavas de final, por mais surpreendente que possa ter sido a classificação francesa, nenhuma imprevisão foi vista nesta fase do mundial. Como em toda narrativa, em cada jogo das oitavas, personagens triunfaram ou possibilitaram o triunfo de seus adversários e não serão esquecidos por vencedores e vencidos.

Simon, um bom nome para marca de cerveja?

Os donos da casa certamente estão agradecendo até agora a mãozinha do árbitro brasileiro Carlos Eugênio Simon, que injustamente expulsou o zagueiro sueco Teddy Lucic aos 37 minutos do primeiro tempo. Resultado: embora os alemães já estarem com 2 a 0, marcados por Podolski, o juiz estragou qualquer possibilidade de reação da Suécia, no segundo tempo

ainda deu um pênalti mas Larsson chutou a bola lá pros lados da floresta negra e os vikings rumam de voltam ao norte. Garçon, uma cerveja e um brinde em homenagem a Larsson, Klose (que teve ótima atuação), Podolski e um mais que especial para o nosso Simon. Será que os alemães se consagram e a cerveja vira de nome Simon Bier 000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000 000000de vez a protagonista da Copa?

Um homem , duas nações

Leipzig, 24 de junho de 2006, a cidade que trocou de país na última década vê agora um senhor de cavanhaque se recusar a entrar em campo para ouvir os hinos nacionais. O motivo? Ele também trocou de país e para não constranger um ou outrem, adentra o campo apenas após o hino, o técnico do México Ricardo La Volpe teve essa atitude talvez corajosa, talvez midiática, frente sua pátria natal. Coragem mesmo teve sua equipe que pouco se importou que do outro lado estava a toda poderosa Argentina, carregando bravamente a partida para a prorrogação.

Neste filme que foi o jogo, estranhamente o protagonista demorou a aparecer, mas veio em grande estilo aos 8 minutos do primeiro tempo da prorrogação: Maxi Rodrigues e seu petardo de esquerda, no ângulo direito do gol mexicano, após receber cruzamento de Sorín e disparar do bico direto da grande área. Infelizmente um tem de perder e dessa vez (ou mais uma vez) foi o México. Argentinos e Alemães decidem se o churrasco ou a salsicha vai triunfar rumo às semifinais, porque a cerveja vai estar lá de qualquer forma.

Se não gostar, ponha para fora

Apenas um nome tem o jogo entre Inglaterra e Equador: David Beckham. O nome poderia ser Carlos Tenorio, mas o azar do atacante em finalizar a bola do jogo no travessão logo no primeiro tempo, foi capital para a classificação da Inglaterra. Aliás, ao invés de falarmos em azar do equatoriano, que tal falarmos em sorte dos ingleses. Aliás ela insiste em estar do lado deles, só resta saber até quando. Beckham foi feliz na cobrança de falta, mas depois, talvez enojado pelo micro futebolzinho de seu time (embora ele também seja responsável por isso) agachou-se e vomitou. Que Deus salve a rainha, porque esse timinho não salva.

Felipão e os heróis do mar e dos campos

Não existiu nada mais épico nessa Copa que o duelo entre portugueses e holandeses, dessa vez o cenário foi Nurembergue e não o estado de Pernambuco como em 1630, porém a raiva entre os dois selecionados parecia a mesma. Chutes, pisadas, cotoveladas, cabeçadas, empurrões, discussões, desrespeito ao Fair Play, teve de tudo. Mas Maurício de Nassau não estava lá para comandar os holandeses, e mesmo que estivesse não seria páreo para o comandante adversário: Luiz Felipe Scolari.

O homem que mostra que o futebol é muito mais que técnica, que habilidade, que sorte. Para Felipão futebol é coração e para nós que amamos o esporte, Coração é Felipão. Ao mesmo tempo em que parece encanar um personagem Luiz de Camões Scolari para contar a bravura deste time e encarna também o mito do sebastianismo, e faz o país se sentir não apenas como o dos heróis mas também das quatro linhas. Parabéns Portugal, parabéns amigos portugueses que dão o prazer da leitura deste blog e parabéns Felipão, o grande protagonista de tudo isso. Coitada da Inglaterra e de seu futebol medíocre. Logo mais comentarei o terceiro dia das oitavas de final. Não sei se por coincidência ou por praga mesmo passei a noite inteira vomitando, como o Beckham. Provavelmente é nojo de ver os ingleses jogarem. Abraço.

terça-feira, junho 20, 2006

A primeira fase no fim

Agora que acabaram as duas primeiras rodadas da Copa podemos fazer uma análise de que está acontecendo e tentar, na medida do possível e desconsiderando o imponderável, prever o que está para acontecer.

Esta está sendo uma Copa um tanto quanto previsível, tirando um ou outro resultado inusitado, os restantes das partidas estão seguindo o prognóstico da crítica, mesmo sendo eles absurdos.

Comecemos pelos anfitriões, com todo respeito à colônia germânica e sua rica cultura, e embora o time possa ganhar confiança durante a competição, seu futebol não agrada e já não traz consigo a velha eficiência alemã. A vitória por 1 X 0 sobre a complicada seleção polaca é prova disso, o sofrimento dos alemães vai ser longo durante todos os jogos, muitas vezes que os noventa minutos. Mas a autocrítica dos jogadores em saberem que não são espetaculares possa resultar em uma perseverança capaz de levar o time a sempre a acreditar na vitória e nunca desistir. Tradição e retrospecto não lhe faltam, basta que lembremos de seus dois primeiros títulos em 1954 e 74. É a única forma que vejo o sucesso alemão no mundial.


O jogo da comprovação

Na mesma proporção em que os jogadores alemães parecem acreditar na sua seleção, o Equador vê seu futebol em constante evolução. Jogou como quis contra a Costa Rica, repetindo a boa atuação da estréia. Como já falei esse time é o fiel herdeiro do belo futebol dos colombianos na década passada. Mas esperamos que essa herança limite-se às quatro linhas, pois o destino daquela seleção todos sabemos. Espero um grande jogo entre Equador e Alemanha, na realidade esse será o jogo da comprovação para ambas as equipes, os anfitriões tentarão mostrar que ainda têm a antiga força e os sul-americanos tentarão provar que também podem ser grandes.

Favoritos? Que heresia!

Em Copas do Mundo parece prevalecer a mesma máxima que existe nas guerras: a que a verdade é a primeira a morrer (no caso do futebol trata-se da eliminação da verdade). A Inglaterra já dominou o mundo, já teve Shakespeare, o Led Zeppelin e criou as regras desse futebol moderno que temos. Hoje, como um cartório de notas, vive de nomes. Beckham, Gerrard, Lampard, Ashley Cole, Ferdinand e tantos outros que por brincadeira de mau gosto ou por pura desinformação são colocados na vanguarda do futebol mundial. Mentira!

O time da Rainha não é um dos favoritos a ganhar esta taça. Seu futebol continua na mesma obviedade de antes, atualmente com mais holofotes é verdade, mas nada capaz de acrescentar aos sonhos de gente como nós, apaixonados pelo esporte.

Em duas partidas, English Team mostrou infinitas incapacidades e muitas dificuldades para mostrar seu burocrático jogo. Contra o Paraguai, que joga fechadinho e no contra-ataque, os ingleses mal conseguiram chegar próximo ao gol. Já no jogo contra seus ex-colonizados, Trinidad e Tobago, que por obviedades possuem o mesmo estilo viril de jogo, os ingleses conseguiram ganhar apenas nos minutos finais, com gols óbvios, é claro. Classificados já estão, mas não devem caminhar mais adiante (e o futebol implora por isso). Como é bonito rir com o futebol e como é triste rir do futebol, e é exatamente este segundo sentimento que me ocorre quando vejo o atacante Peter Crouch com a bola. É literalmente o maior desastre da Copa (com seus 1,98m), até mesmo porque seus concorrentes mais próximos (na altura), o italiano Luca Toni e o checo Jan Koller são tecnicamente muito superiores.

Apenas como constatação, a primeira jogada com tabela inglesa que vi na Copa, aconteceu aos 18 minutos do segundo tempo do jogo contra Trinidad e Tobago. Muito pouco para colocarmos entre os favoritos e menos ainda para acreditarmos que serão campeões. Vou deixar no ar uma aposta só para animar um pouco. Caso a Inglaterra seja campeã, eu paro de comentar sobre futebol até o final do ano. Afinal se este time ganhar, vai ficar comprovado que nada entendo das quatro linhas.

Já os vikings suecos tiveram uma vitória contra o Paraguai. O resultado poderia ter sido qualquer já que o jogo era o do desespero para ambos. Azar dos nossos vizinhos que tomaram um gol já no fim da partida e voltam mais cedo para casa. Simplesmente é o fim daquela geração maravilhosa de Chilavert, Gamarra, Arce e companhia. Mas vamos torcer por um bom recomeço. Aos suecos a possibilidade da classificação, mas para seguir mais adiante será necessário um pouco mais de eficiência de seus bons atacantes.


Nada como um belo tango

O fino da bola, esta é a sensação ao passarmos a analisar a Argentina. Que futebol! Bem jogado, bem treinado e com ambição clara ao título. Um esquema muito bem armado, um pseudo 4-4-2, que na realidade é um 3-5-2. O técnico Jose Pekerman soube explorar muito bem a capacidade ofensiva do ala Sorín e quando este avança ao ataque, os outros três defensores deslocam-se para o lado esquerdo formando uma forte linha de três zagueiros com, porque não, um líbero, Ayala. Burdisso que joga mais à direita da defesa não é um lateral, mas um zagueiro de área deslocado para o setor.

O resultado disso são rápidas jogadas de velocidade que são tramadas no meio campo. É ali que Riquelme rege a orquestra que não deixa o Tango desandar.

Magia é ver toques rápidos objetivos, concentrados e sem menosprezar o adversário. Saviola está jogando muito e se for mal na sua reserva tem o menino Messi, que será a grande sensação da Copa. O time mostrou até agora que é o que mais quer e que tem condições de levar o caneco. Não tem medo de bater, não tem medo de jogar. Isso que é seleção favorita, com craques e que deixam o futebol ser bem jogado. A todos que possam supor que o fantástico placar de 6 X 0 tenha ocorrido apenas porque Sérvia e Montenegro é um time fácil de ser batido, uma explanação. Nenhum jogo é fácil, torna-se fácil e para isso a capacidade dos vencedores é fator determinante. A Argentina jogou o verdadeiro futebol e por isso é a verdadeira favorita.

Time “Laranja”

Assim como a Inglaterra, que vive de um passado glorioso, temos a Holanda, ou pelo menos a crítica esportiva analisando seu futebol. Os senhores dos países baixos não são favorito ao caneco. De um time revolucionário da década de 70, intitulado “Laranja Mecânica”, sobra um tom abóbora desbotado, que não ofusca mais ninguém. Muito cuidado pois o último fenômeno parecido foi a transformação da “Celeste Olímpica” e “Azul Calcinha”.

Em plena era digital, a “mecânica” daquele time parece como se infectada por um vírus de computador. Seu futebol é agora previsível, com chutões e pouca movimentação. Foi talvez a maior injustiça sem tamanho a classificação antecipada da equipe contra a seleção de Costa do Marfim, que jogou melhor mais e foi injustiçada por uma infeliz arbitragem de Oscar Ruiz (um dos melhores do mundo), que deixou de assinalar dois pênaltis. Será que esta Copa está abdicando da alegria do futebol?

O complexo de inferioridade, o Z e o C?

Talvez a alegria não esteja sendo abdicada, e a primeira prova disso é a alegria dos angolanos diante do empate com o México e conseqüentemente sobrevida no Grupo D. Longe de ser um futebol de encher os olhos, mexicanos e angolanos fizeram um jogo de vontade. Mérito para a superação dos angolanos que não se sentiram enfraquecidos diante um favorito México. Demérito para os mexicanos que demonstraram um espírito de inferioridade diante da dificuldade, parecem não conhecer sua real força.

Uma pergunta curiosa que fica é a seguinte: por que os narradores da Globo insistem em chamar o brasileiro naturalizado mexicano Zinha, de “Cinha”? Isso mesmo com som de C ao invés de Z. Tudo bem, os mexicanos devem chamá-lo desta forma pois não existe o som de Z na língua espanhola, mas qual o motivo das narrações serem desta forma, sendo ele brasileiro, e quando saiu daqui com certeza o apelido era nada mais nada menos que Zinha com som Z? Isso me faz lembra do brasileiro naturalizado belga Oliveira, que absurdamente e talvez até estupidamente era chamado de “Oliverrá”. Mais uma boa dose de ignorância e desinformação ao povo brasileiro.

Mestre Felipão

E Felipão chegou lá de novo, embora nosso ilustre comentarista Walter Casagrande Júnior (Globo e Diário de S. Paulo), meu “xará” no Júnior, afirme que o técnico não conseguiu amenizar um suposto ego exagerado dos lusitanos, unindo-os em torno de um objetivo comum, Os portugueses confirmaram seu favoritismo no grupo.

Analisemos os curiosos esses comentários “achistas” na imprensa brasileiras, não são padarias mas vendem sonhos, e quando menos esperamos nos vendem a desilusão. Obviamente pode ter alguma verdade no comentário do Casão, porém é clara a forma leviana, sem critério e sem argumentos como foi concebido. E pior de tudo, no dia seguinte da banca de jornal às reuniões executivas o comentário é repetido inúmeras vezes.

Mas voltando às quatro linhas, o futebol dos portugueses mostra-se com muita garra, sem desistir nunca, qualidade creditada ao seu treinador que se não conseguiu unir o grupo, pelo menos conseguiu fazê-lo perseverante. Ganhou dessa forma contra o organizado Irã, e assim e com os craques que têm, uma hora o bom futebol florescerá. E parafraseando o amigo Mauro Beting,: “Time bom só se une para dar volta olímpica”.

Gana de vencer

E quando o futebol parecia não estar afim de surpreender mais ninguém eis que surge a seleção de Gana. Mesmo não sendo favorita e sem ter o fino toque de meio campo que os checos têm, os africanos aproveitaram-se de um erro do zagueiro Ujfalusi no primeiro minuto e da estafa do adversário já no segundo tempo para aplicar a maior zebra da Copa até agora.

Os checos não jogaram mal, mesmo estando em desvantagem desde o primeiro minuto de jogo. Tentaram, sempre com toques rápidos, os mesmo que envolveram os americanos, adentrar a área adversária, jogam sempre bonito, não menosprezam o bom toque em qualquer situação. Mas demonstraram uma apatia enorme após o pênalti marcado para Gana, naquele momento o time europeu ficou em desvantagem numérica e estava mais cansado, por ser uma equipe mais velha.

Mesmo assim esses fatores não justificam essa apatia e não tiram o brilho do ímpeto africano pela vitória que, de todas as maneiras, tentaram chegar ao gol e muitas vezes foram impedidos pelo grande goleiro Petr Cech. É provável que Gana não se classifique, pois o time europeu ainda possui um conjunto superior e não pode jogar 10 anos de planejamento pela janela, mas como é bom ver um time com vontade em vencer na Copa do Mundo, a inspiração parece não vir apenas do futebol, mas da necessidade de ver o seu povo representado para o mundo.

Vincere o moriere, ou melhor, Victory or Death

Um grande jogo. De lado, um grande, e de outro que ainda sonha em ser grande. Uma partida daquelas que se fazem lembradas por décadas. Assim foi o 1 X 1 entre italianos e americanos. Logo na execução dos hinos nacionais, percebi que seria um jogo diferente. Os americanos fizeram ecoar o seu Star-Spangled Banned por um terreno que pouco habitam, o futebol.

Em jogo, os americanos mostraram uma vontade incrível em vencer, mesmo estando com um jogador a menos (neste caso 9 contra 10 dos italianos). O Vincere o moriere, dos italianos na Copa de 1934, poderia muito bem ter uma versão Victory or Death, pois este jogo parecia ter um componente especial de vitória ou a morte.

Esta partida teve de tudo, gol contra, sangue, grandes defesas, reclamação, técnicos inconformados e uma grande arbitragem do argentino Jorge Larrionda, talvez não fosse o juiz o jogo figuraria entre uma das melhores partidas da Copa, mas como a mais tumultuadas.

Os italianos depararam com um time veloz, bem armado e se confundiram. Mesmo abrindo o placar, não mereciam a vantagem. No segundo tempo, com o placar já estando em empate, os italianos foram em busca da vitória e os americanos se defendiam e tirando fôlego (sabe Deus de onde) partiam em velocidade no contra-ataque.

Os italianos já jogaram a Copa 1934 inteira com a obrigação de ganhar, jogaram partidas de vida e morte contra o Chile em 1962 e contra a Alemanha Ocidental em 1970, mas novamente essa partida irá figurar entre as mais dramáticas disputadas pela Itália em todos os tempos. O ponto negativo foi a agressão de Daniele de Rossi em Brian Mc Bride. Mesmo com este pesar, a partida foi uma das mais bonitas da Copa. Quanta dramaticidade e que espetáculo das torcidas.

E um grupo, que depois da primeira rodada parecia estar finalizado, permanece indefinido, embora Itália e Republica Checa ainda sejam superiores aos seus adversários. E os americanos, assim como os ganeses salvaram o futebol de língua inglesa na Copa.

Gols? Cuidado!

A França eu considero que ainda não estreou na Copa. O selecionado teve dois jogos atípicos contra Suíça e Coréia do Sul, mas pode desenvolver um futebol muito superior nas próximas partidas. Não, o time francês não é ultrapassado, possui craques de verdade, como Henry e Zidane, algo que Alemanha e Inglaterra juntas não possuem. Mas a infeliz coincidência de não ter ficado tanto tempo ser ter feito gols na fase final Copa do Mundo, parece o único argumento da mídia creditar aos franceses um mau futebol. Parem de perseguição besta por causa de nosso insucesso na última Copa do século passado!

Os franceses têm muito futebol e são favoritos também. Como são importantes as estatísticas para essa mídia atual. Que usem as estatísticas, mas não de forma mal intencionada. Analisem os dados e tirem conclusões deles e não tentam justificar “achismos” a partir de dados estatísticos.

Só uma explicação. A França não havia feita seu último gol em Copas, antes do empate de 1 x 1 com a Coréia, em 1998. Afinal as eliminatórias já são a disputa pela Copa do Mundo. Muito cuidado com as palavras e com os franceses.

O segundo lugar do grupo está indefinido. O Togo já está fora, talvez injustamente pois foi prejudicado pelo juiz paraguaio Carlos Amarilla no jogo contra a Suíça, mas futebol é assim mesmo. Eu aposto que os coreanos devem ficar com a segunda vaga, seria um prêmio para seu futebol mais vibrante que o dos suíços, que aliás só estão bem na Copa por que o grupo é muito fácil.

A Fúria

Mais uma vez a mídia se esquece de um favorito, e pior credibiliza seleções erradas como favoritas. A Espanha veio para ganhar essa Copa e de forma bonita. Nos dois primeiros jogos mostraram um futebol que só fica devendo ao dos argentinos. Na estréia contra a Ucrânia, não tomou conhecimento de seu único concorrente do grupo e meteu uma sonora goleada no melhor estilo, sem deixar o adversário tomar conhecimento. Na segunda partida mostrou força e foi para uma bela virada contra a Tunísia.

O time Espanhol conta com ótimos e habilidosos jogadores o meio campo e dois bons atacantes. Só faço um pedido ao técnico Aragonés: ponha o Fábregas e o Raul neste time.
Curiosamente ele montou a defesa de forma parecida com a Argentina colocando um zagueiro na lateral.

Talvez o melhor para os espanhóis nesta Copa tenha sido o fato de cair no grupo H e jogar somente depois que todo mundo jogou. Os jogadores parecem mais tranqüilos, também pudera depois de ver tantos favoritos de mentira, não deve haver motivação maior a eles sabendo que tem um bom time e podem mostrar um bom futebol num grupo fraco.

O segundo do grupo será o time Ucraniano, que não é fraco só porque tomou de quatro na estréia. Contra a Arábia Saudita, percebi um Shevchenko tenso, e que somente se aliviou após fazer o gol. Nas oitavas de final deve pegar um time mais forte e o fator Shevchenko deverá aparecer. Bom para o futebol que não pode abrir mão deste tipo de craque.

Esperamos que a Copa possa melhorar um pouquinho e que o grande futebol apareça de vez, assim como o sol está aparecendo no calor alemão. Em breve analisarei a nossa burocrática Seleção. Um abraço.

domingo, junho 18, 2006

O verdadeiro Fenômeno brasileiro


À poucas horas da segunda partida do Brasil na Copa, vou analisar o Brasil na Copa, e falar um pouco do jogo contra os australianos, muito provavelmente alguns de vocês lerão o texto após o jogo.

Uma estréia razoável, é desse modo que enxergo o 1 X 0 aplicado pelo Brasil na Croácia. O time croata é muito bom e deve ficar com a segunda vaga do grupo. A equação desse jogo é simples: a Seleção não conseguiu jogar porque o adversário, forte que é, não deixou. Já não está na hora de parar com esse sensacionalismo midiático? Que o Ronaldo está gordo, está podre, com gastrite, tontura, o diabo, o que isso tem a ver com a dificuldade que o Brasil teve em jogar?


Ah… mas segundo os mesmos analistas, a defesa brasileira jogou e teve direito a efeitos especiais com gráficos no Jornal Nacional. Desculpe mas prefiro não falar a respeito disso. Sou um apreciador de grandes defesas, não da brasileira.

Nós brasileiros temos o costume de esperar um show de bola em quaisquer circunstâncias. Um mal não sofremos no período entre 1990 e 94, mas o tetra campeonato nos deu esse sentimento de melhores do mundo.

Não há mal algum em nos considerarmos os melhores do mundo. Os problemas são que ao mesmo tempo, nos esquecemos que outros países também jogam futebol, e como esse sentimento da autoconfiança torna-se o da descrença ao ver o time ter uma má apresentação, mesmo sem a derrota, o povo se sente derrotado. Talvez isso se explique pelo fato de nosso país relacionar demais o futebol com a pátria e quando o futebol vai mal automaticamente esse apatia toma conta da pátria, como se o sucesso no jogo fosse o sucesso da nação. Esse sim é um fenômeno brasileiro.

Jogar mal

Ronaldo, o Fenômeno, teve uma explicação pífia para sua atuação. “Eu também tenho direito de jogar mal um dia.”
Ronaldo, todos nós temos o direito de um dia não executamos de forma satisfatória nossas funções do dia a dia. Porém o direito não nos exclui da autocrítica, e na frase você esqueceu de um detalhe. Que tal se a frase ficasse assim: “Eu também tenho direito de jogar mal um dia, e o técnico tem o direito de me substituir assim como as pessoas de me criticarem.”


Jogo fácil

Brasil e Austrália deve ser um jogo fácil para nós. A Austrália ganhou um jogo que o Japão foi muito inocente e não teve capacidade de matar o jogo no contra-ataque, o time australiano nada tem de especial e abusa da jogadas de bola alta e de virilidade, com certa truculência. O placar vitorioso contra os japoneses não sintetizam o que fio realmente a partida. Jogando sério, como Argentina, Alemanha e porque não, a Inglaterra ganharemos por um bom placar. Não há segredo e não há motivos para tanta preocupação assim.

terça-feira, junho 13, 2006

Nós, os brasileiros e o Brasil na Copa

As cores da bandeira nacional colorem nosso país por toda a parte. A Copa do Mundo traz um incrível sentimento nacionalista ao Brasil. Um sentimento tão forte que parece querer tirar o atraso de momentos de tantos descaso com a nação que temos ao longo dos anos.

Esse clima ufanista, embora muito alegre e contagiante é muito perigoso, pois está no limiar entre a alegria e a decepção dada a concepção nacionalista que é embutida em nossa Seleção.

Eu particularmente não vejo nenhum tipo de obrigação de torcer para o Brasil. Acho que todos temos o direito de torcer pelo time que tivermos maior afinidade e não necessariamente à seleção nacional. Claro que é uma opinião polêmica, mas as perguntas que ficam são as seguintes:

Por que temos a obrigação de torcer para jogadores que coincidentemente nasceram na mesma divisão política que nós? Qual o problema de torcemos para o Togo, a Suécia ou a Tunísia, ou qualquer outra seleção?

Mas entendo que os brasileiros nesta Copa têm um motivo muito mais especial para torcer pela Seleção que o próprio nacionalismo. O nome do motivo: Ronaldinho Gaúcho.
O melhor jogador do mundo é unanimidade mundial e, se seu carisma e sua arte com a bola nos pés é capaz de mobilizar muitos rivais a torcerem por ele (não necessariamente pelo Brasil) imaginem para nós.

Quanto ao jogo, todo cuidado é pouco. A Croácia é uma equipe boa, e não vai à Alemanha assistir o Ronaldinho Gaúcho jogar. Não esperem um show de bola, pois podem se decepcionar.

Aos brasileiros um pedido: não relacionem a Seleção com a pátria. Nem para o bem, do tipo torço para o Brasil porque sou brasileiro, e nem para o mal, algo como não vou torcer porque é nosso governo é isso ou aquilo. Parem, o Brasil não vai melhorar se perder ou se vencer a Copa, é apenas um jogo de futebol torçam pelo time que mais gostarem mas não levem isso muito à sério afinal como disse o técnico italiano, da Copa de 90, Azeglio Vicini: “O futebol é a coisa mais importante dentro das menos importantes da vida.” Claro que ele estava sendo irônico, mas as vezes é bom que vejamos desta forma.

Fim de boato

Já que toquei no assunto governo. Vou dar uma dica ao Ronaldinho Bolômeno… ops, Fenômeno. Faça um gol e comemore no melhor estilo levantando a camisa e colocando sobre a cabeça, só assim o mito do “Gordômeno” será enterrado (ou talvez eternizado).

segunda-feira, junho 12, 2006

Grupo A - Fácil? esperamos que não


O país-sede ainda tenta, de todas as formas, desvencilhar da sua imagem com as dos estragos causados pelo nazismo na Segunda Guerra. No mesmo grupo está a Polônia, um dos países que mais sofreram naquele período, e que recentemente perdeu um de seus maiores símbolos coincidentemente para a Alemanha. Saiu João Paulo II e entrou Bento XVI.

Esses problemas de guerra não existem na Costa Rica que extinguiu seu exército na década de 50. De seus belos litorais na América Central vamos em direção às cordilheiras dos Andes onde encontramos o país que divide o mundo e, que, certamente é o divisor de águas do grupo, o Equador.

O grupo A está longe de ser o mais complicado da Copa, ao contrário, está mais para ser considerado o mais fácil. Na estréia, os donos da casa justificaram o favoritismo e com um futebol corajoso, mesmo mostrando algumas dificuldades contra equipes mais fortes, conseguiu golear por 4 X 2. A Alemanha não decepcionou, jogou simples mas com sua eficiência habitual e com bons chutes de fora, quando o acesso ao interior da área estava dificultado. Por mais desacreditado que possa estar, o futebol alemão mostra que ainda pode resgatar a grandiosidade do passado. Destaques para Lahm, Frings e Klose (o matador, que não é nenhum Klinsmann). Do lado latino-americano os dois melhores jogadores foram Paulo Wanchope (verdadeiro matador que cairia muito bem a qualquer time brasileiro) e Walter Centeno (que talvez poderia jogar seu refinado futebol na Bundesliga).

No outro jogo do grupo, duas surpresas, uma agradável, outra desagradável. Coube ao Equador o futebol mais bem jogado do primeiro dia de competição, assim como coube aos poloneses a maior decepção. O futebol equatoriano é uma clara herança do bom futebol colombiano dos anos 90, com ginga no meio de campo e rápidos atacantes, a diferença, porém, está no seu setor defensivo mais intenso. Seus destaques maiores foram os meias Mendez e Valencia, e, os fortes atacantes Delgado e Carlos Tenório (ambos muito fortes e velozes). A Polônia, apresentou um jogo difícil. Para nós brasileiros os complicados nomes dos jogadores tornavam-se impronunciáveis. Sorte dos narradores que eles não criaram muitas jogadas. Seus bons jogadores foram o meia Krzynowek e “falso” ponta Jelen (que entrou no segundo tempo e meteu duas na trave).

Vamos torcer que Costa Rica e Polônia tenham melhor sorte na segunda rodada, senão o grupo vai confirmar sua fama de o mais fácil da Copa e teremos os dois primeiros classificados.

*Fotos www.fifaworldcup.com

domingo, junho 11, 2006

A Copa do Mundo


O mundo está curvado ao futebol. Bilhões de olhares miram-se para terras germânicas unificadas. Guerra Fria por lá não existe mais, ao menos no papel. Na realidade o leste ainda sofre o preço da globalização. Somente Leipzig tornou-se sede da Copa, e só terá jogos até às oitavas, todo o resto fica para o antigo ocidente. A primeira Copa da era da alta definição, mas e o futebol? Será de alta também? Podemos esperar por surpresas?

Vai ser uma Copa muito difícil, muitas seleções estão em bom nível e nenhuma está tão superior às outras, nem mesmo a brasileira que a pesar de ter bom ataque, depende de muitos ajustes na defesa, e eles não costumam acontecer durante um mundial.

Surpreendidos dificilmente seremos, com o atual futebol globalizado, ou melhor, com o mundo globalizado não teremos surpresas agradáveis como um Hungria de 54, a Laranja Mecânica de 74, a Dinamáquina de 86 ou mesmo Camarões de 90.

Aliás com esta última tenho uma lembrança muito especial, pois foi a primeira Copa que acompanhei. Dezesseis anos se passaram, os olhares do mundo naquela época miravam para a “Velha Bota”. Muitos consideram a Copa do Mundo de 1990 na Itália sem graça, eu, talvez por ter uma certa relação afetiva com a Copa a considero marcante.

Lembro-me como se fosse hoje que cheguei da escola cedo e corri para a TV acompanhar a cerimônia de abertura e a partida inicial Argentina e Camarões, na hora do almoço do dia 8 de junho, data que até hoje não sai da minha mente.

Como foi gostoso ver Camarões ganhar da Argentina. Lembro muito bem como foi. O cruzamento veio da esquerda, a bola desviou no meio do caminho atingindo uma altura inacreditável. Mais inacreditável ainda foi a impulsão do camaronês Omam-Biyik no bico direito da pequena área, como a de Pelé no primeiro gol contra a Itália na Copa de 70, todos os olhares do estádio, e, porque não do mundo subiram com aquela bola que, quando desceu encontrou o cabeceio do atacante em foi em direção ao gramado do San Siro onde estavam as mão do goleiro Neri Pumpido, que não conseguiu segurar e sofreu um “frangaço”. África negra finalmente se apresentava ao mundo em Copas, esse gol foi praticamente a inserção daquele país na geografia do mundo.

O Alma da Copa nasce para isso. Inspirado em seu irmão mais velho, Alma da Bola (http://www.almadabola.blogspot.com/) também pretende contar histórias do futebol, em especial desta Copa de 2006, de uma forma diferente e apaixonada (paixão essa exclusiva ao futebol e não de uma ou de outrem). História, Geografia, Política, Economia, Cultura em geral estão em campo. Alegrias e tristezas também. Seja Bem-vinda a 18ª Copa do Mundo e que seja tão inesquecível como todas as anteriores.

 
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